Não sei se existe pior forma de Adeus do que aquela à distância. Aquela que há tempos estava ali, mas você barrava na ponta da língua porque não podia aceitar que tudo se dissipasse em uma palavra. Aquela que diariamente te roubava a atenção durante a noite, avisando: "Ei, já chega! A hora de acabar já passou!". Aquele Adeus do ponto final, que tantas vezes você substituiu pelas vírgulas, aspas, reticências, na tentativa forçada de enxertar mais alguns trechos em uma novela que já passou dos 9 meses; em uma receita que já passou do ponto de preparo; em uma canção que já perdeu o ritmo... nesse espetáculo de um único ato, onde até os protagonistas já deixaram num canto qualquer a magia dos seus personagens.
Esse Adeus, não se resume numa palavra só. Aliás, é como uma conta conjunta que foi fechada. Como se um dos lados da confusão tenha ido lá retirar tudo que havia na conta... carinho, admiração, cumplicidade, união, amizade, respeito, perdão...
Isso mesmo, quebrou a senha, que é sempre a confiança, pra retirar tudo aquilo e zerar a conta de novo, pensando que conseguiria pagar aquele boleto que chegava toda tarde e já estava cheio de juros- o boleto da saudade. De fato, dizem por aí que é um dos mais caros, que no fim das contas leva tudo o que temos pra tentar ocupar o vazio gigantesco que foi deixado, tentar suprir uma falta que nem a presença às vezes consegue. E toda semana a mesma pergunta ficava sem resposta:
E a conta da saudade, quem é que paga?
O Adeus veio e respondeu.
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