sábado, 24 de setembro de 2011

Solidão é o que vai sobrar de mim no dia em que acabar a caixa de giz de cera coloridos que eu uso diariamente pra reescrever seu nome dentro de mim.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Às vezes eu queria ser o seu relógio de pulso. Só pra ter a certeza de que, pelo menos de hora em hora, me olharias nem que fosse de relance, pra evitar um atraso, ou porque simplesmente terias o hábito de fazer isso.. Mas o simples fato de estar ali, colada a tua pele, sentindo teu pulsar, sabendo que não me largarias porque precisarias de mim..essas simples e inúteis certezas me fazem sonhar com o dia em que, como um relógio de pulso, eu também te seja necessária.

Da procura.

Te pesquisei certa vez no meu Aurélio. Busquei por teu nome, por uma definição plausível, por sinônimos,esclarecimetos. Queria saber se eras um substantivo, um verbo, ou só esse neologismo que eu pensei ter descoberto por conta própria. Mas vi que o meu Aurélio é limitado, não estavas lá. Te pesquisei nos meus cadernos de desenho, nos meus rabiscos de infância. Busquei teus traços incomuns e fortes, naquele jeito marcante que tinhas de expressar qualquer cisa que fosse. Mas nunca desenhei tão bem, nunca alcançaria essa tua essência única de quem não é desse mundo. Por último, como se fosse a cauda da minha esperança de te encontrar materializado, te busquei nos meus vinis. Me perguntarias porque não fui aos CD's,e eu te diria que as grandes obras musicais estão nos vinis, e embora sejas de uma "novidade" tão clara, só os vinis poderiam conter alguma nota que se assemelhasse a esse conjunto de sinfonias que intercalam tua voz  teu dedilhar no violão.
No fim das contas, te pesquisei, te busquei, tentei tanto te encontrar, que só encontrei a mesma resposta que sempre esteve ao meu alcance... Tua uniciade te faz tão indefinível... e tua indefinição te faz tão inalcançável para mim, e o "não alcance" que me causas, traz essa vontade cada vez mais incessante de te entender, te conhecer.
E na desistência de te definir, preferi compartilhar os tédios com você, compartilhar os momentos intercalados em que eras meu único programa, ou eras o programa preferido. Os dias em que falar contigo era como esperar ansiosamente o show daquela banda mais amada, ou como o nervosismo pré encontro com alguém que se ama e não se vê há tempos... Compartilhei contigo a simples alegria de ouvir a desejada voz depois dos dias de saudade. E em cada nota que dedilhaste para mim, me ensinaste Felicidade. Podes me dizer que Felicidade não se ensina, e eu te direi "meu bem, eu também pensava assim". Mas conseguiste essa proeza..me ensinar algo que não faz parte da lista de disciplinas a serem ministradas. Eu aprendia, sem que soubesses, Felicidade contigo todas aquelas vezes... E me aprendia junto, como se me ensinasses a mim mesma sem que eu sequer percebesse. E de brinde, ainda te aprendia junto. Te ensinavas a mim como se fosses a melhor das matérias a serem aprendidas, como um livro de História, que nunca termina, o qual nunca consegue-se compreender por completo.
E hoje eu te digo, meu bem, que na batida do relógio a minha frente, meu coração ainda bate. Meu coração ainda é o mesmo DÓ que tocaste desde a primeira vez, porém agora, não mais aquele dó maior, completo de si, mas o dó bemol... o semi-tom que vem abaixo de você... Agora nada mais sou que o seu bemol, e você meu sustenido... e se eu pudesse, te transformava num drink todos os dias, só pra te beber por completo, e se assim não me fosse possível, eu te brindaria a cada noite, desejando mais e mais te encontrar no meio das partituras dessa minha vida que você transformou em música.

Palavras são fugidias. Sentimentos são permanentes. E esses não temos necessidade de explicar, traduzir, citar... Eles existem, insistem, persistem... E isso basta!