quarta-feira, 13 de junho de 2012

Revirando passados.


Hoje eu abri o meu baú de saudades e encontrei ele ali, intacto, lindo- como sempre -"fazendo sala" pro passado que eu pensei ter enterrado no fundo do quintal da memória. Revivi em segundos todo aquele emaranhado de pensamentos que a saudade me causa, voltei a pé àquela estrada que ladrilhei com ele nos dias em que o Sol não saía de casa. Mas então, em ressonância com o timbre daquela gargalhada que eu lembrava mentalmente, veio o inverno. A voz dele, que tanto me acalmara e me livrara dos abismos do cotidiano, a voz que eu apreciara nas madrugadas a fio sem preocupação com o dia seguinte... aquela voz trouxe o inverno consigo e me congelou. 
Não sei definir se a saudade tem mais habilidade em machucar do que o inverno daquela voz do outro lado da linha. E do outro lado do mundo, eu soube que o amor e amizade caíram num labirinto de gelo e esquecimento, onde nem que eu me jogasse no foço mais profundo, alcançaria. O inverno atravessou meus ouvidos e dominou cada parte do meu corpo. O gelo- tão frio, mas quebrável ao menos toque -tomara conta de mim. E antes que qualquer balde de lágrimas fosse capaz de me derreter, tranquei novamente o baú. Preferi deixar aquele passado quieto novamente, pra não achar que pode fazer visitas sem avisar. Deixa ele lá. Agora sim, deságuo, até evaporar, deixando essa saudade fugir com o ar.