Um dia eu sonhei ser um pássaro, para naquelas tardes sombrias sair voando bem alto, explorando os mais profundos segredos do vento, fazendo do céu o meu chão, e das nuvens, o travesseiro onde eu seco o sal das minhas lágrimas.
Um dia, sonhei mudar a realidade triste do mundo, sonhei que a justiça virava lei, e a paz tornava-se herança genética. Sonhei que a miséria era apenas mais um daqueles argumentos pré-históricos de explicar os "maus tempos" de hoje. E sonhei que não havia "maus tempos" nem para serem explicados.
Um dia, no meu sonho, todas as perguntas tinham resposta, a filosofia não era mais exclusiva dos grandes gênios, o ser humano só guardava boas lembranças, e nos dicionários não existia a palavra violência.
Sonhei que as amizades duravam para sempre e que a saudade não doía tanto. Também sonhei que todos os dias eram "dia das crianças", e que para ser criança bastava ser gente e saber olhar pro céu e sorrir, simplesmente porque o Sol está sorrindo pra você também.
E eu sonhei, que todas as pessoas eram felizes...mas foram só sonhos. E quando eu acordei, quis lembrar onde começou isso tudo, e adivinha...nada! Talvez isso seja o mais intrigante dos sonhos, nunca sabemos o começo, e geralmente não conseguimos chegar a um final.
Nosso inconsciente só é habilitado para o meio, o durante, o essencial. O resto fica como resto, como as palavras que deixamos soltas por aí, como a vida e o tempo que escapam de nossas mãos...sem um começo, sem um fim. É só fechar os olhos e eles virão, mesmo que para nunca acabar...