terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Sina



Memória é aquele negócio estranho que guarda um monte de fotos em movimento na tua cabeça, pra um dia, do nada, passar uma por uma em velocidade máxima, como se fosse um filme insuportável de vida antiga.
Eu sempre acho que comigo, esse troço de esquecer não funciona.
Sou eu que ainda ando seguindo os mesmos rastros falsos que pintam e bordam os meus dias. E essa vida, como tecelã que é, me reconstitui nos minutos seguintes do último afago, do último "adeus" que sempre traz um novo alô, os minutos do boa noite sussurrado, do vento gélido secando a lágrima que parada ali estava no meio do rosto, do último e mais dolorido "eu te amo" escorrendo pelos fios daquela conexão. Pela última vez, me perdi dos rastros. E esta última vez se repete todos os dias.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Pra assimilar a ausência

                                                            
E, apesar de tudo, ainda consigo te olhar e sentir a mesma admiração dos primeiros dias. Ainda abro um sorriso cada vez que encontro teu talento espalhado em algum lugar ou algumas pessoas. Ainda penso "meu Deus, ele existe mesmo?" cada vez que percebo o quanto, no fundo, tens um coração enorme...
Sei que, se eu deixasse isso tudo escapar destes meus lábios secos pela falta dos teus, todos me julgariam a mais idiota, a perdida, a que não tem jeito mesmo. Mas alguém me perguntou se eu quero ter jeito? Alguém quis saber se eu quero mesmo ser esse modelo de garota que não procura, que finge não sentir falta, que seixa de lado seus maiores desejos por orgulho? Não... a minha opinião não conta...
Então eu sigo assim, te guardo como meu mistério particular, como meu- agora -maior segredo. Te guardo numa caixinha dentro do guarda roupa, pra sempre que puder eu te olhar por alguns minutos, sim, só olhar mesmo, porque tens esse teu "algo" tão belo e único que dá até pena de tocar, mesmo que isso realmente nem fosse possível. Mas eu, daqui, da minha poltrona mental, te imagino como meu filme favorito, passando a minha frente sempre que eu puder parar pra me dedicar só a te assistir. E não consigo sequer sentir ciúmes quando vejo que tantos outros te guardam em caixinhas também... aliás, isso me faz te amar mais ainda, ao ver o quanto marcas a vida de todos por onde passas, o quanto te tornas eternamente responsável por tudo aquilo que cativas. E mesmo com essa distância absurda entre nós, continuo no mesmo lugar esperando a tua volta, meu Pequeno Príncipe...







sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Narrativa

Essa minha mania incontrolável de colocar vírgulas onde deveria haver um ponto, mas é que sempre apronto um presente que não quer virar passado, um ponto que, por não saber ser final, chama seus amigos e vira reticências, trazendo mais adiante algum resquício do que foi dito, pensado, trocado... e sempre acho que falta algo,que as coisas precisam de uma continuidade pra serem sempre o que são, não sei lidar com finais.
Deve ser por isso que prefiro acreditar que te tornaste um parágrafo, que no breve espaço de uma linha rabiscada no mesmo papel em que musicaste a minha vida, tu trarás novas histórias, continuando aquela que deixamos pela metade, apenas com a introdução...
Saudade, quando permanece viva, não leva a nada. Só à inútil vontade de fazer o tempo voltar atrás. É, meu bem, o tempo não volta e saudade boa é saudade morta.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Sim, isso é uma carta. Ainda que virtual, mas é que nossa relação é toda assim não é? Um encontro, duas palavras e o resto os blogs e tumblrs que se entendam. Sabes, como poucos, que há coisas que nem as palavras conseguem descrever, e foi exatamente o que houve quando agora pouco, resolvi fazer o que de costume faço quando tô na internet, visitar teu tumblr... eis que me deparo com isto em : O Morro dos Ventos Uivantes..

*“A pena que virá pássaros” - transformação/renascimento*

Sabe moça, lendo-te vi o quanto és intensa, meu Deus, como és intensa!
Perdi-me em palavras, descrições, revelações, lembranças, duvidas, afirmações. Oh moça, como pode tu te tornares assim? Logo tu..
Mas saiba, ou lembre-se, todos os dias, que o que vale mesmo é o sorriso, aquele lindo e cativante que sempre tiveres. É como disse nosso sábio e querido Charlie Chaplin: “Cada dia sem sorriso é um dia desperdiçado”. Deves saber disso, e se realmente sabes, então deves seguir isso mais a risca do que as pessoas que não sabem, porque é como já diziam: “errados mesmo são aqueles que erram conscientes”. Então moça, não erre não, sorria mais, viva mais, acredite mais, seja mais, seja mais você! 

O Morro dos Ventos Uivantes dedica este post a dona do Blog Palavreando Palavras. 
*“A pena que virá pássaros” - transformação/renascimento*
Sabe moça, lendo-te vi o quanto és intensa, meu Deus, como és intensa!
Perdi-me em palavras, descrições, revelações, lembranças, duvidas, afirmações. Oh moça, como pode tu te tornares assim? Logo tu..
Mas saiba, ou lembre-se, todos os dias, que o que vale mesmo é o sorriso, aquele lindo e cativante que sempre tiveres. É como disse nosso sábio e querido Charlie Chaplin: “Cada dia sem sorriso é um dia desperdiçado”. Deves saber disso, e se realmente sabes, então deves seguir isso mais a risca do que as pessoas que não sabem, porque é como já diziam: “errados mesmo são aqueles que erram conscientes”. Então moça, não erre não, sorria mais, viva mais, acredite mais, seja mais, seja mais você! 
O Morro dos Ventos Uivantes dedica este post a dona do Blog Palavreando Palavras




E daí, o que eu faço com isso senão enxugar as lágrimas que teimaram em sair? Me fizeste tão bem com isso, aliás, desde que nos conhecemos (digo, verdadeiramente), só tens me feito bem. Tens sido a calmaria quando a tempestade vem me visitar, tens sido o calor quando o frio vem atormentar... Foste a força e a paz que me tiraram do marasmo. E mesmo que eu te dissesse mil vezes obrigada, não compensaria tudo isso, teu apoio e paciência, e a boa vontade que tens, como poucos, de me pôr pra cima. És única Mari, és a última fatia do bolo de chocolate, que eu costumo guardar pra aproveitar depois, que me relaxa qualquer hora (desculpa a comparação, mas é que tens uma doçura tão incomum e que eu gosto tanto... )! 
Não sei se já ouviste falar de uma música, mas eu canto pra ti agora... "Ela me faz tão bem, ela me faz tão bem... que eu também quero fazer isso por ela..." 
E que esse carinho continue sendo recíproco, porque amizade que cresce como a nossa, não tem hora pra acabar! 

À dona do tumblr O Morro dos Ventos Uivantes *-*

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

É que de vez em quando eu te encontro…numa esquina, no andar de baixo,no meio da escada, e quem sabe numa dessas horas nós não fiquemos presos no elevador desse meu coração matreiro, e enfim eu tenha tempo de gastar você inteiro, até não querer mais, se é que isso é possível. Mas eu só te encontro aqui, nessas mesmas esquinas…nas mesmas lajotas doloridas que revestem as paredes de dentro de mim… 
Perdi a noção da hora, do dia, do lugar…Perdi todos os possíveis sentidos que ainda houvessem em mim…Perdi a força, o ar, a coragem…Perdi meu dicionário mental que consultava a cada cinco minutos pra falar com você…Perdi meu olhar…Perdi a certeza que até ali eu tinha de mim…
E tudo isso se deu, quando você e disse o primeiro “Eu te amo”…o meu tão esperado eu te amo,aquele que passei noites acordada imaginando como seria e como eu me sentiria… E você o disse, da pior forma que poderia…depois da minha cena, do meu ciúme transparente e acusativo, depois de dizê-lo a outra, depois de negar o meu amor.
E então, como já dizia Clarice Lispector:
“E eu que esperava fogos de arifício, percebi que as estrelas não fazem barulho!”

À luz de pedaços do seu mundo escuro…sou um bicho transparente!
Sabe o que é? Eu sempre achei que dor era aquele troço que o cara sentia quando batia o pé no futebol, ou torcia o tornozelo no balé…aquilo que a gente sente com 6 anos andando na beira da calçada e de repente se depara com o joelho ralado, sangrando…ou aquilo que dá na cabeça, no dia seguinte da bebedeira dos 16 anos, que todo mundo chama de ressaca. Tudo era tão fácil, existia o gelol, o mertiolate, o café quente e a pílula pra curar a enxaqueca…
Mas aí de repente, uma hora na vida você se depara com aquela coisa estranha, que acontece dentro de você e não tem controle…não tem remédio na farmácia que faça passar, não tem beijinho na ferida que a faça sarar…você nem ao menos sabe exatamente onde é a ferida, ela não tem um ponto certo, só está ali…e deixa transparecer os sintomas. É só. E basta. E dói. E te dilacera internamente…te torna mais objeto que ser humano, te torna um ser quebrável, tão frágil que ao menor esbarrar de alguém, desaba, e se vê em cada caco de você espalhado pelo chão…isso mesmo, aqueles cacos que catamos com a vassoura e levamos ao lixo…
E no fim das contas, eu viro isso…um pedaço de caco jogado no chão, sem vida, sem força, sem razão.
Você é a cerca do meu quital, a carne do meu hamburguer, o glacê da minha nêga-maluca, o outro par da minha meia, os dentes do meu sorriso, o oxigênio do ar que eu respiro, o sol da minha lua, o calor da minha chuva,o arroz do meu feijão,o leite do meu café, a calda do meu sorvete, a manteiga do meu pão, a certeza do meu medo, a essência da minha amizade, o sal do meu universo…
Você é tudo que não pode faltar na minha vida, está em tudo, e é a melhor parte de cada coisa…
Você é o meu prato do dia que, infelizmente, não é pra todo dia…


Prometa a si mesma, que você sorrirá. Todos os dias de manhã, assim que acordar. Isso mesmo, antes de fazer qualquer coisa que seja. Assim que o sol te der bom dia… você fará o dia realmente ser bom! Fará! Você vai brincar, correr pra atravessar a rua, abraçar as pessoas que ama, dizer a elas o quanto são importantes, vai pegar chuva sem medo de adoecer, vai andar olhando pro céu. Há quanto tempo você não olha pro céu?
Você vai tornar tudo mais simples, e rirá na cara dos seus problemas. Exatamente. É isso. Você vai tornar o riso uma lei. Criará o seu mundo. Um mundo só seu. E a lei primeira do estatuto será essa: Que não seja dia, o único dia em que não se sorriu!
E você será feliz. Independente de tudo, de todos. Prometa a si mesma que será assim daqui pra frente.
Mas, por favor, cumpra!

Não foi nada não. Eu só cansei. É, só isso, eu juro. Foi a minha paciência que pediu a conta pro garçom ao invés de mais uma dose. Ela se despediu de mim sem dizer se volta. Me desculpe, o que eu posso fazer? Não, não vou brigar comigo mesma. Já fiz isso por demais e não adiantou nada. E no que isso incomoda você? Se eu cansei, eu cansei. E pronto.
Todo mundo cansa, afinal, não é mesmo? Uma hora a gente cansa, mesmo que seja culpa da nossa paciência que toma vida própria e faz aquilo que não temos coragem de fazer.
Não sei, só não sinto mais vontade de acordar e pensar se você também acordou cedo ou se ainda está jogado na rede às 10 da manhã. Não me bate mais aquela sensação de “será que hoje ele responde o meu ‘bom dia’?” ou “com quem ele vai passar a tarde hoje? Será que foi saber do cursinho? Quem sabe ele também tenha pensado em mim antes de dormir, será?”, não, nada disso. Muito menos vontade de ligar. Nunca mais aquela interrogação, aquela briga entre o ligo e o não ligo. 
Sabe o que é? A gente cansou. O eu e o eu mesmo. Cansamos juntos disso tudo. Cansamos de sermos tão sozinhos. Cansamos de nos trairmos por sua culpa. Voltamos a nos amar,é isso aí, estamos namorando, mas é namoro sério, daqueles que usa aliança e tudo. O que é? Você nunca gostou dessas formalidades… Pelo menos agora nós temos muito a compartilhar. Somos iguais,inconstantes o bastante para nos entendermos. E o mais importante, que eu espero mesmo que você entenda: Nós nos amamos muito. Talvez mais do que fomos capazes de amar você. É que esse amor, é tão próprio, tão nosso, que não tem como comparar ao de outro. É, é isso que chamam de amor-próprio mesmo…porque é nosso demais, e se basta quando um outro não quer ser bastante pra você. Você não quis ser o meu bastante. Então, eu sinto muito, meu bem.
Não, não é um ‘adeus’, você sabe que não gosto de adeus…é muito radical. É quem sabe um ‘até logo’, e que esse logo seja do tamanho do amor do eu pro eu mesmo, que é grande, eu te garanto.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Quando escrevia, ela chorava em palavras. Descobria carícias em meio às preposições e entrelinhas, um aconchego tão próprio que jamais encontrara longe do papel. Por isso era comum vê-la num canto, sozinha, desaguando, e quem olhasse bem perto e profundamente em seus olhos, veria os pedaços de cada palavra, verso ou frase, escorrendo pelo canto do olho, procurando o caminho mais próximo pra criarem um corpo só, único, aquele que depois ficaria jogado pelo caminho no qual ela andava... palavras, como lágrimas, escapoliam dela involuntariamente, e se perdiam pelo mundo, secavam, ou tornavam-se a matéria-prima de toda arte que nenhuma vez sequer, levou seu nome no final.

11:11

Nunca vi a distância com bons olhos. Não compreendia a capacidade das pessoas de simplesmente se esvairem feito uma fogueira que se apaga no meio da madrugada. Não sei onde arranjar forças pra dizer "adeus" a quem marcou a ferro e fogo a nossa vida. E mais uma vez, me remeto ao Caio, quando diz que pior que a dor da perda pela morte, é a dor da perda em vida. Como uma chama acesa, que repentinamente é apagada por um sopro humano qualquer. É quando percebo quão frágil é o fogo,e quão fortes somos nós, capazes de apagá-lo com a mínima força. Das despedidas, sempre fica a pergunta: o que é pior, poder dizer adeus a quem se ama, ou viver com a dúvida de como seria se houvesse despedido?
Dou valor às despedidas. Ao último beijo, último abraço,aos minutos imensos do último olhar, à última carta, às palavras finais que, por incrível que pareça, são as melhores, ainda que mais doloridas, mas são as mais verdadeiras. Até as lágrimas eu valorizo sim. Só me irrita essa mania que a gente tem de deixar tudo de mais bonito e profundo pras horas finais, de adiar os sentimentos. Por que diabos não dizer o que se sente na hora em que teu coração pede? Quem foi que disse que na eterna guerra entre cérebro e coração, o primeiro é quem deve ganhar? Sou adepta dos gritos de "eu te amo" quando a euforia pede, sou fã das ligações na madrugada pra dizer "sonhei com você", e sou defensora eterna dos sussurros ao pé do ouvido no meio de um abraço de urso, quando se diz "que saudade".
Que o diga minha deusa Tati Bernardi´sejamos diretos pra não sermos idiotas! O que tiver que ser dito, que seja dito!
A partir de hoje é extremamente proibido deixar essas lacunas nos sentimentos. Não é mais permitido adiar as coisas bonitas pra última hora, por um simples motivo: não sabemos quando essa última hora será, e a sensação de "não vai, espera um pouco mais, tenho tanto a te dizer" não vai mudar o status da partida. Dizer o quanto amamos alguém deve, a partir de hoje, ter a mesma importância que dizer adeus. Que sejam ditas todas as palavras, principalmente aquelas que sentimos.

Talvez...

                                                                                              Ao Pierrot que eu conheci, J.V.

Nessas últimas semanas, apesar dos pesares, arranjei uma nova amiga. Ela me dá conselhos que ninguém acredita, mas é que sabe tão bem das coisas que me convence a acreditar que está certa. O nome dela é Esperança, conhece? É, bem que eu imaginei, ela já foi sua amiga, mas você a trocou por aquele outro né? O tal do Ceticismo. Bom, o que importa é que gosto muito dela, da companhia suave, desse ar de positividade e da força que ela tem pra me levantar do chão com uma mão só. Ela costuma dizer que desistir não é pra mim não, e me faz conferir a cada 5 minutos o celular, quem sabe você não esqueceu alguma coisa em mim e precisa mandar uma mensagem pra buscar... Ou talvez tenha lembrado que hoje faz 3 meses que nos conhecemos. Não sei, mas sempre olho, por que ela manda.
 Às vezes também ela diz que a qualquer hora você pode entrar por aquela porta com os braços abertos e olhos pedindo meu arrego, implorando calados que eu te faça aquilo que sei fazer de melhor – sorrir. Talvez ela nem te conheça tanto quanto eu, talvez ela não saiba que você é uma moça colecionadora de feridas. Mas ela tem em mente que de alguma forma, somos feitos um para o outro, porém, objetos de uma brincadeira do acaso, andamos temporariamente um pouco perdidos.
 Daí que uma noite dessas, em meio as nossas trocas de hipóteses sobre seus verdadeiros desejos, a Esperança contou que o nosso amor é carnaval, e sendo tal, sobrevive de períodos, espaçados pelas suas dúvidas traidoras, que te fazem cair nos braços de um Arlequim sem graça, que nada entende de sentimentos. Ó minha Colombina, por que ironia foste criada? Por que nasceste em estações? Podias ser como eu, o Pierrot apaixonado que vive em eterno outono, refazendo-se. Sei que não acreditas em nada disso, teu amigo não permite. Mas a Esperança está aqui, acreditando que podes voltar, repetindo em meu ouvido cada vez que penso em desistir: Enquanto houver 1% de chance, terás 99% de fé. E que assim seja.

sábado, 19 de novembro de 2011

Reminiscência

                                                                                     Inspirado em uma canção de Felippe Canato.


Falaram por aí que ele me observava. Desde sempre. Que sabia de cada passo meu, cada escolha e sonho... Falaram, que ali, naquele mundinho dele, eu tinha uma participação especial, ou talvez a única. E como eu não percebi? Como pude não ver tamanha dedicação e apreço, tamanha atenção... Como pude deixar-me não enxergar todo aquele amor que ele me prometia.
Sim, eu não o via. Nunca o vi. E isso me dói como se me cortassem de dentro pra fora. Na verdade, era como se ele vivesse numa bolha, daquelas em que você precisa se abster um pouco do egoísmo e das regrinhas diárias para entrar também, mas ele me convidou... estendeu a mão e me chamou por vezes para viver naquela bolha também, para entender que eu não estaria só, que havia ali tudo que eu precisava e queria. Meus olhos se cegaram. Embaçaram. E eu perdi tanto tempo, todo tempo, todo ele, todo tudo que me esperava, que ele me oferecia.
E eu lembro como se a minha memória revivesse aquele dia. Eu, distraída como sempre, despida de todo mal que me afligia, de toda dor que me ardia, de toda lembrança incerta que antes eu guardaria. E ele ali, disposto, na sua bolha, a minha espera, com um olhar gritando a saudade e a vontade que tinha escondido enquanto ninguém despertava pra tanta doçura e amor que ali havia.
Veio em minha direção, meio que proibindo a si mesmo, dizendo que não valeria a pena. Levantei vagarosamente o olhar e encontrei o seu, e enfim, achei no seu sorriso, toda razão que eu sabia precisar até aquele dia. Nada mais me importava em volta... o vento assobiava no meu ouvido que eu tinha a minha frente o que sempre quis, as ondas debatiam-se para pegar um lugar privilegiado para testemunhar o momento.
Primeiro a palavra, depois o toque, e por fim...o gosto. Sentir o doce tremor dos lábios se tocando, se conhecendo, se amanhecendo, sentindo um no outro as mais loucas e insensatas emoções... Por uns poucos minutos, me entreguei completamente a ele, e era recíproco. Ganhei o mundo por um beijo.
E enfim, ele mostrou todo o universo que havia em mim sem que eu mesma soubesse. O melhor lado que eu possuía, o mais brilhante encanto... Ele me mostrou, então, que eu possuía estrelas... Sim, eu o amava, e já tinha ouvido dizer que só quem ama tem ouvido capaz de ouvir e entender estrelas. Mas eu não precisava ouví-las, sequer entendê-las... eu as tinha, eram uma parte de mim. Eu, de alguma forma, as roubara do céu naquele instante em que fui dele, e naquela noite, só restou a escuridão já que todo brilho possível estava em mim.
Mas, ainda que eu soubesse de tudo que se passara ali, ninguém jamais acreditaria. Ele não existia naquele mundo, no meu mundo. E portanto, tinha que ir... tinha que voltar para o seu esconderijo. Antes de ir, só me proferiu uma frase, a única, e que não sai momento algum da minha mente: "Tu terás estrelas como ninguém. Tu terás estrelas que sabem sorrir".
Ainda me pergunto diariamente se ele me observa do lugar que estiver, se ainda lembra de mim, se pensa em tudo isso como eu. Pergunto-me às vezes até se alguma coisa foi mesmo real, se aquele dia existiu mesmo, se o aroma coincidiu mesmo com aquela chuva de sentimentos que me encharcaram. Pergunto-me se aquele sertão é o mesmo em que encontrei meu grande amor. E como resposta, só recebo as lembranças, e algumas        vezes em que, antes de dormir, sinto que lá fora está escuro demais, e quando percebo, vejo que as estrelas novamente se esconderam em mim...

terça-feira, 15 de novembro de 2011

And speaking of desire...

Eu não quero flores toda semana, não quero jantares em restaurantes caros, não quero viagens pro exterior nas férias, nem os presentes mais absurdos nas datas especiais. Eu não quero o vestido de gala, nem o terno e gravata, não quero o salto 15 cm, ou o sapato engraxado... Não quero as grandes ocasiões, não quero passeios que nos ocupem demais, nem tardes no cinema ou a rotina em família. Não preciso de nada material, nada concreto, nada que valha reais. Eu quero tempo. Eu quero nós. Um "nós" que possa ser desfeito em "eu" e "você".
Eu quero as tardes no meio da semana, de improviso. Quero a serenata no meio da rua como melhor presente de aniversário. Quero o melhor abraço do mundo. Quero as discussões bestas por ciúmes sem necessidade. Eu quero a música com meu nome no meio, quero as notas de violão que vem de repente, sem avisar... Quero as mãos dadas, os domingos na praça ou no bosque, os banhos de chuva só pra te ver, quero horas perdidas falando da vida, dos sonhos, do passado. Quero nostalgia acompanhada. Quero as ligações na madrugada, as piadas sem graça que me façam rolar de rir, as indiretas sempre tão diretas pela intimidade, as brincadeiras maldosas, os embalos na rede, as letras de música e os textos no papel...
Quero a arte do erro. Quero tudo ao contrário. Sem rótulos. Sem obrigações. Quero mais eu. Quero mais você. Quero o cafuné a qualquer hora, o cheiro na nuca, o carinho, o sussurro, o olhar de convite, o abraço pedindo mais, o toque sem controle. Quero devaneio. Quero sarau. Quero mente, corpo e alma, por completo, que já estou muito cansada de metades.
Não preciso de mais regras pra viver tudo isso, não preciso de certos e errados. Eu quero o tudo e o nada, e só.
Eu quero você.

domingo, 13 de novembro de 2011

Asfixia

Hoje
Acordei respirando um poema.
Mas de tão forte que respirei
Me faltou
O ar.
É que o poema
Não tinha pausa
Nem meia-linha
E de tanta palavra
O poema entupiu a passagem.
Foi nesse minuto de inspiração poética
Que eu não mais quis saber de oxigênio
Pra respirar
Só poesia bastava.

Mandei ladrilhar.

"Se essa rua, se essa rua fosse minha, eu mandava, eu mandava ladrilhar, com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante, para o meu, para o meu amor passar..."



Fiz do meu coração teu tapete vermelho. Permiti que desfilasses quantas vezes quisesses sobre ele. Por diversas vezes, senti cada passo teu sobre ele... estavas, como um artista, em busca do teu oscar... o meu amor. O grande amor que podei, como se flor ele fosse para colheres mais tarde; poli, como cristal raro que guardado fica até o momento certo; protegi, como uma mãe cuida de um filho único, esperando que mais tarde possa dar bons frutos. E no fim das contas, quando atravessaste todo o caminho do tapete e encontraste o prêmio tão preparado... viste que não era o que querias, que não importava o apreço que eu tinha dedicado a ele. Não era bem isso, não precisavas disso, nem querias te arriscar nesse universo louco em que o meu amor estava metido. Então, viraste as costas, e voltaste...pisando no meu coração. Dessa vez o desfile doeu mais, foi a volta, o retorno provando o fracasso de tudo aquilo que eu sonhara. Nunca lavei seu tapete vermelho, talvez pela inútil esperança de que um dia resolvesses desfilar novamente, o deixei intacto, até porque continuou sendo seu. E ainda é.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Sobre o ar(dor)

Eu te amo e isso dói. Demais. Me perfura o estômago. Como se essas 3 palavrinhas fossem na verdade estacas que me furam cada parte do corpo, testando meus limites, perguntando a cada segundo até onde eu sou capaz de ir por esse amor. E fui longe. Mais longe que pude sonhar em ir, como jamais pensei que iria por alguém. Deixei-me completamente ferida, machucada, sangrando por aí, mas fingindo não sentir nada pra que você não tivesse culpa. Logo você que sempre foi tão bom, sempre teve um coração enorme e cheio de humildade, e sempre se culpou de tudo também. Como eu posso esquecer? Aquele seu olhar de súplica, que me pedia socorro ainda que você não pronunciasse essa palavra. Você me olhando e dizendo que não era uma boa pessoa. Como eu sobrevivi a isso? Como suportei ouvir tamanha blasfêmia da tua boca? Tenho quase certeza que essa foi a única mentira que você me proferiu todo esse tempo. E com meu coração ardendo em choro dentro de mim, usei de todos os argumentos possíveis pra provar que você estava errado. E o pior ( ou melhor) dos argumentos foi dizer que eu não me apaixonaria por uma má pessoa. Mais uma estaca entrando em mim, no estômago, não sei como você não notou que meus olhos sangravam de dor olhando você e não controlando que palavras saíam da minha boca. Doeu, e ainda dói. Ouvi dizer certa vez que se você não consegue superar o problema, supere o vício de falar a respeito. Não, eu não tô dizendo que você foi ou é um problema. Pra te falar a verdade , acho que o problema sou eu, sempre fui e te repeti isso todas as vezes que, ingenuamente, me perguntaste se eras tão mau assim, se me fazias sofrer... Eu nunca vou saber ao certo se "culpa" é uma palavra que se encaixa nisso tudo. Talvez seja porque tem de ser mesmo. Talvez doa em mim porque em ti não pode doer, porque és tão mais frágil e só do que pareces, e talvez não soubesse lidar com tudo isso.
Aprendi a sair pelas ruas disfarçando as manchas de sangue das minhas feridas, escondendo atrás dos olhos toda necessidade que tenho de ti a cada instante. E nesse tempo todo, me fechei. E de tão fechada, aprendi a me reconhecer, aos poucos, catando em versos e atitudes algum curativo. Mas ainda não inventaram mertiolate pras feridas causadas pelas estacas dos "eu te amo". Ainda não existe solução externa para aquilo que está dentro da gente... E foi por isso que eu me reaprendi, e me refiz sempre que pude, sempre que o ardor das feridas dissipava-se em ar e dor, deixando esta um pouco de molho enquanto eu respirava. A gente aprende a caminhar mesmo quando acha que não tem mais pernas...
E, embora eu continue no meu mazoquismo de vez em quando, me permitindo falar aquelas 3 palavrinhas tão cruéis, eu te devo alguns "obrigada", por teres me feito, ainda que do modo "errado", me conhecer de um jeito que pensei ter perdido. Eu ainda te respiro. Te sussurro. Te choro. Te lembro. Não passou. Mas eu já sei como é (sobre)viver.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Das gotas que sobram

Sou daquelas que bebe até a última gota do copo. Deixo-me transbordar por dentro. Não jogo a taça fora. Não lavo a louça depois de beber. Deixo o resquício do vinho e da cachaça, do batom gasto, do perfume, da impressão digital. Guardo todas essas taças depois. Às vezes tiro da gaveta e descubro que ainda resta um gole, ou dois, quem sabe? E decido então remarcar o território, ou tentar. Mas, como disse, também tenho limites, bordas... e transbordo. Deixo derramar mesmo, fazer enchente, tomar um porre internamente. Faço das superfícies de mim, poças do que for... lágrima, chuva, cachaça ou amor. E saio desaguando por aí, derramando meu transbordamento, gritando um apelo calado por alguém que me devolva a sobriedade perdida em algum lugar.
Preciso que me sequem. Mas sequem inteira. Preciso parar de me afogar e sentir o cheiro do vapor, de ar, de solidez. Sol e dez. Dez vezes tudo que deixei de ser. Só e des. Des-apegar. Des-amar. Só desejar.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Flor de Lótus.

Reza a lenda que ela existe. Em algum lugar deste pequeno universo que tenho a mania de chamar de "meu", sim, em algum lugar ela existe. E de alguma forma, que não sei explicar qual é, eu a encontrei, em meio ao seu processo de germinação. Vocês podem achar isso absurdo, mas é a verdade das mais puras. Acompanhei o seu processo mais natural... encontrei-a no exato momento em que se livrava do lodo que a dominara por tanto tempo. Ela fazia força, e aos poucos, sozinha, conseguiu alcançar a superfície. E deu-se então o mais belo momento: Brancas pétalas desabrocharam como que por encanto, deixando transparecer toda beleza, força e delicadeza que o lodo escondia. Eu encontrei a minha flor de Lótus. Não me critiquem por chamá-la de "minha", eu não perco essa mania de possessividade nunca. Adotei-a sem a devida permissão, e por mais incrível que possa parecer, ela me adotou também.
Encontramos uma na outra algo que estava perdido por aí, que algumas pessoas deixaram cair do bolso, da maleta de trabalho, da carteira, quem sabe? Algo chamado Reciprocidade. Ah, que palavra linda essa, não? Ela me ensinou que o recíproco faz com que a minha mania de possessividade não seja tão incômoda... acho que tem um pouco a ver com aquilo que o Mário Quintana costuma dizer: "O amor é quando a gente mora um no outro". Eu descobri nela a minha nova casa, e acho que com ela foi o mesmo. E com o mesmo apreço que eu cuido da minha morada, agora é dela que vou cuidar. A minha Flor de Lótus existe sim. E ela mora em mim. Mora no oceano que guardo embaixo dos olhos, no jardim que trago no peito, no cantinho de cada sentimento meu. Ela está lá. Pois não sei se alguém sabe, mas a lenda diz também, que essa flor sabe guiar, não guiar qualquer um a qualquer lugar, mas ela sabe ME guiar.
A minha rota de fuga, o meu refúgio da dor, os meus sorrisos mais sinceros, as minhas palavras mais leves, o reerguer das minhas asas... devo tudo isso a esta flor, que tanto sabe do mundo, mesmo sem saber de tudo.
A flor que eu nunca precisei ver pra saber da pureza e da verdade, e que ainda assim me gera tanta felicidade. Esta que hoje, comemora mais uma primavera, mais uma vez em que se liberta de todo lodo que a aprisiona o resto do ano, e chega à superfície, nos dando o privilégio de sentir cada pedaço de palavra que brota com suas pétalas, cada nota musical que é criada por seu encanto. E ela canta, me encanta, me escreve e descreve como ninguém jamais o fez. Ela tem o poder de ser pequenina e tão gigante, de alcançar a minha loucura com tanta lucidez, de enlouquecer comigo, sem me deixar cair, e até mesmo, é capaz de cair comigo, só pra eu não ter que levantar sozinha. A minha flor é tão única, que ninguém tem olhos para vê-la, nem coragem para sentí-la. E ela mora em mim. Se quiser conhecê-la, bata na porta da frente, deixe de lado tudo aquilo que tiver resquício de lodo na bagagem, por favor... E assim eu lhe permito entrar, e quem sabe conhecer a minha pequena flor, a minha irmã de alma, de coração, a minha tão igual e ao mesmo tempo tão oposta de mim... Só não permito, jamais, que lhe toque, pois meu medo de perder a minha preciosidade é tão grande, que não posso correr o risco de que você tente arrancá-la do pedestal que reservei a ela na minha casinha. Venha com cuidado, e não se esqueça, a primavera chegou, lembre-se de deixar-se encantar pelas mais belas pétalas de flor jamais vistas. E que você, provavelmente não verá também.

P.S: À minha Flor de Lótus, que hoje completa 17 primaveras, 17 germinações, 17 vezes de chegada à superfície com força e beleza. Que Deus permita mais 16x100, e que ela nunca decida se mudar daqui---> <3

sábado, 29 de outubro de 2011

Ela não tinha medo do escuro do quarto. Por vezes preferia mesmo as luzes apagadas, aquele ar de anoitecer sempre que possível. Ela acreditava que o escuro trazia o mistério de você poder ser quem quiser, sem as lamparinas alheias voltadas pra dizer se você está certo ou errado.
Ela não tinha medo do escuro do quarto. Mas entrava em pânico quando se deparava com o escuro das pessoas. Talvez ninguém acredite nisso, mas ela sabia, de uma forma sábia e inocente ao mesmo tempo, que no fundo de cada alma humana, há uma escuridão prestes a dominar tudo, há um inverno por trás de cada primavera. Sim, ela aprendera com as primaveras, assim como Cecília Meireles, a deixar-se cortar, para voltar sempre inteira. Sabia que era necessário deixar-se podar, para se renovar. Mas ainda assim, todo aquele inverno, toda a escuridão, tudo aquilo lhe assustava de um modo que mal conseguia respirar. Angústia. Era o que ela sentia. Tinha que aprender a lidar com a escuridão alheia, quando antes só precisava entender a luz apagada do quarto, a sua própria escura solidão.Entender. Uma palavra que nem sequer entende a si mesma. Foi então que ela decidiu, para não mais ter medo do escuro das pessoas, sair pelas ruas escurecida também, assim quem sabe, tudo pareceria mais normal pra ela. E de tão normal que a vida se tornou, ela não mais quis entender, não mais sentiu medo. Ela escurecera. Bem como todos à sua volta. E daquele dia em diante, naquele mundo em que ela vivia, aquele que tivesse luz, não era rei, era errado. Ela virara inverno. As primaveras extinguiram-se. E o mundo passou a ser preto e branco.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Dia desses alguém me disse que meus olhos não brilham mais. Que ando por aí como se não houvesse mais razão de ser, sem vida, sem vontade. Mas eu haveria de ter razões?
Confesso, meus passos andam agressivos demais, meu corpo está mais pesado que de costume, meu esboço de sorriso diário saiu do lugar de sempre, e meu rastro não é o mesmo perfume adocicado da primavera passada. Tento me defender dizendo que o inverno chegou, e por consequência, eu esfriei com ele. Sou uma mulher do Tempo, você já devia saber. Não paro. E sigo essa rota, essa rotina, esse redemoinho de mudanças que me ocorrem sem que eu mesma perceba.
Congelei, talvez. Perdi a força pra andar feito gente, coisa que nunca fui realmente. Desaprendi a voar, me perdi no meio de todos os caminhos... Até que, enfim, meu rumo me procurou. Exatamente, eu não fui atrás dele, mas ele veio até mim, o rumo que eu pensei ter perdido, voltou-se e me puxou com força do concreto onde eu caíra. Me apoiou nos primeiros passos, e reergueu minhas asas. Infelizmente, meus olhos continuaram opacos, mortos em vida... Mas quem precisa de olhos que brilham, tendo asas como as que eu tenho?

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Poezita

                                                                                   Texto dedicado à Inezita Sherman
Realejo...


Um dia, foi sem querer, eu juro, eu cruzei o caminho dela. No começo não fazia sentido. Tão difícil de entender, tão inalcançável e inescrupulosa. Tão, mas tão cheia de tudo, que às vezes até se sentia vazia. Eu tão prosa e ela tão poesia, quem diria? Ela negaria, eu sei disso. Ela tem essa mania, de negar tudo de mais belo que a compõe, de não alcançar a si mesma. Mas é que de ser grande demais, ela não se abarca. Nem alegre, nem triste, nem mais. Nada de exageros, com ela não combina. É a pura calmaria. É o alto mar depois da tempestade, a terra firme depois dos terremotos; ela não tem Sol nem escuridão, não mergulha de cabeça nos sonhos, mas vive "de mal" com a razão. Ela é paradoxo. Não aquele do "amor é fogo que arde sem se ver", e sim aquele que a gente  nem consegue dizer. Intransitivo. Ela é o café amargo dos dias em que o cinza domina o céu. É o vinho tinto das noites sem ventania. O cigarro tragado com gosto pelo apaixonado. É uma das mulheres de Chico. É uma lágrima antes de cair. É a mesma lágrima que já secou. Ela não é durante, pois não sabe sê-lo, é antes e é depois. É passado e futuro, de vez em quando é presente, mas ela não se adéqua a essas urgências. Ela é céu e é mal. É um sorriso encapado de dor. Ela é o meu realejo, que me empresta alegria... É uma eufórica melancolia. Mas acima de tudo, ela é toda poesia. Quando eu digo, ela não acredita, mas ela é feita toda de verso, sem rima, sem métrica, de verso solto, de palavra cantada, de música falada, de história sem fim.
Se eu pudesse dar-lhe o Tempo de presente, eu juro que o faria, pois sei que com ele, ela se libertaria, se deixaria emanar, entregar, descobrir. Com ele, ela viajaria por todo verso e prosa que há no mundo. Encontraria, reencontraria. Ele até que é meu amigo, sabe? Mas anda meio ocupado demais, correndo de lá pra cá, sempre em frente, levando os pedaços da gente, pra deixar jogados naquele depósito lá do fundo do coração do mundo: a memória.
Então, fazer o quê? Só tenho para dar-lhe, as minhas palavras. Frágeis, fugidias, simples palavras. Tão longe de alcançarem-na... Mas vou indo pelo caminho que ela me ensinou a seguir. Cada pedaço de letra, cada fragmento de sentido... Foi ela que me ensinou. Todos a chamam de Inezita... mas, se eu pudesse transformá-la numa palavra, ela seria a Poesia; se fosse um sentimento, seria a Saudade; se fosse uma personagem, seria sempre a heroína... Toda certeza, coragem, e sensibilidade unidas num só corpo que às vezes me pergunto se é real. Eu cruzei o caminho dela, desviei seus passos, e ela me trouxe de volta, indicou o rumo certo, deixou um universo só dela pra ser descoberto. Bem aventurado aquele que se arriscar.

sábado, 24 de setembro de 2011

Solidão é o que vai sobrar de mim no dia em que acabar a caixa de giz de cera coloridos que eu uso diariamente pra reescrever seu nome dentro de mim.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Às vezes eu queria ser o seu relógio de pulso. Só pra ter a certeza de que, pelo menos de hora em hora, me olharias nem que fosse de relance, pra evitar um atraso, ou porque simplesmente terias o hábito de fazer isso.. Mas o simples fato de estar ali, colada a tua pele, sentindo teu pulsar, sabendo que não me largarias porque precisarias de mim..essas simples e inúteis certezas me fazem sonhar com o dia em que, como um relógio de pulso, eu também te seja necessária.

Da procura.

Te pesquisei certa vez no meu Aurélio. Busquei por teu nome, por uma definição plausível, por sinônimos,esclarecimetos. Queria saber se eras um substantivo, um verbo, ou só esse neologismo que eu pensei ter descoberto por conta própria. Mas vi que o meu Aurélio é limitado, não estavas lá. Te pesquisei nos meus cadernos de desenho, nos meus rabiscos de infância. Busquei teus traços incomuns e fortes, naquele jeito marcante que tinhas de expressar qualquer cisa que fosse. Mas nunca desenhei tão bem, nunca alcançaria essa tua essência única de quem não é desse mundo. Por último, como se fosse a cauda da minha esperança de te encontrar materializado, te busquei nos meus vinis. Me perguntarias porque não fui aos CD's,e eu te diria que as grandes obras musicais estão nos vinis, e embora sejas de uma "novidade" tão clara, só os vinis poderiam conter alguma nota que se assemelhasse a esse conjunto de sinfonias que intercalam tua voz  teu dedilhar no violão.
No fim das contas, te pesquisei, te busquei, tentei tanto te encontrar, que só encontrei a mesma resposta que sempre esteve ao meu alcance... Tua uniciade te faz tão indefinível... e tua indefinição te faz tão inalcançável para mim, e o "não alcance" que me causas, traz essa vontade cada vez mais incessante de te entender, te conhecer.
E na desistência de te definir, preferi compartilhar os tédios com você, compartilhar os momentos intercalados em que eras meu único programa, ou eras o programa preferido. Os dias em que falar contigo era como esperar ansiosamente o show daquela banda mais amada, ou como o nervosismo pré encontro com alguém que se ama e não se vê há tempos... Compartilhei contigo a simples alegria de ouvir a desejada voz depois dos dias de saudade. E em cada nota que dedilhaste para mim, me ensinaste Felicidade. Podes me dizer que Felicidade não se ensina, e eu te direi "meu bem, eu também pensava assim". Mas conseguiste essa proeza..me ensinar algo que não faz parte da lista de disciplinas a serem ministradas. Eu aprendia, sem que soubesses, Felicidade contigo todas aquelas vezes... E me aprendia junto, como se me ensinasses a mim mesma sem que eu sequer percebesse. E de brinde, ainda te aprendia junto. Te ensinavas a mim como se fosses a melhor das matérias a serem aprendidas, como um livro de História, que nunca termina, o qual nunca consegue-se compreender por completo.
E hoje eu te digo, meu bem, que na batida do relógio a minha frente, meu coração ainda bate. Meu coração ainda é o mesmo DÓ que tocaste desde a primeira vez, porém agora, não mais aquele dó maior, completo de si, mas o dó bemol... o semi-tom que vem abaixo de você... Agora nada mais sou que o seu bemol, e você meu sustenido... e se eu pudesse, te transformava num drink todos os dias, só pra te beber por completo, e se assim não me fosse possível, eu te brindaria a cada noite, desejando mais e mais te encontrar no meio das partituras dessa minha vida que você transformou em música.

Palavras são fugidias. Sentimentos são permanentes. E esses não temos necessidade de explicar, traduzir, citar... Eles existem, insistem, persistem... E isso basta!

sábado, 13 de agosto de 2011

Adeus de você

Minhas vontades me revoltam sim. Completamente. Essa coisa incessante que vem junto com os minutos fazendo o possível pra me convencer que "eu preciso de você". Mas eu não quero precisar, não quero mais isso. Eu quero usar o botão do "basta", assim como você deve ter usado o "esc" todas as vezes que falou comigo. Eu quero saber como é esse troço aí que todo mundo me diz, esse tal de amor-próprio...não sei se ele vai gostar de mim, mas eu preciso gostar dele. Dia desses disseram que só vou me desvencilhar de você quando tiver outro. Então, onde eu encontro esse amor-próprio aí? Prometo que com ele vou ser diferente, não vou correr tanto atrás, não vou me entregar totalmente, e ele vai me ajudar a te esquecer. Ele vai tirar de mim essa vontade de te ligar, de ouvir tua voz, de ver teu nome no meu celular. Ele vai conseguir, eu sei que vai. Porque sozinha eu não consigo não. Eu sou fraca. Fraca o suficiente pra dizer isso até...
Eu quero tomar um porre, é sério...mas eu nem bebo então como faz? Como é que eu crio coragem de beber e ficar porre se nem coragem de não te procurar eu tenho? Me diz, você que tem as respostas pra tudo, que é sempre tão sábio, me diz como eu faço? Eu só quero te esquecer pelo menos por algumas horas, quero pensar um pouco em mim. Nos meus projetos, no teatro, na minha música, nos meus escritos. Eu quero te tirar daqui, da cabeça...porque do coração eu sei que não tem jeito, você se prendeu numa parede de chumbo dentro dele. 
Mas me ajuda, por favor. Eu sei que é irônico pedir ajuda logo pra você, mas é que sozinha não tá dando, eu não consigo mesmo... e ninguém mais me aguenta reclamando, ninguém mais quer ouvir teu nome vindo da minha boca, e por isso ninguém vai me ajudar.
Então, pela última vez eu te peço, prometo que depois não peço mais nada, eu te deixo em paz..mas agora me dá tua mão e me leva pro caminho longe de ti, por favor. Me ajuda a curar essa doença que roubou teu nome. Eu já sofri demais.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

"Vai sem duvidar, mas se ainda faz sentido vem..."

você pode ir na janela

Quem sabe um dia toda essa verdade de hoje, esteja estampada em cartas. Não me espantaria. Meu mundo sempre foram as palavras, jogadas num papel pela primeira caneta que via na frente. As minhas confissões, e tudo que eu tive medo de fazer ou dizer, o papel entendia, ele sempre entende. Não há amigo melhor que o papel.
E daqui a pouco você se vai. Vai pra não sei quando, e pra um "onde" que nem importa, já que tão longe de mim não poderá ser mais nada.
Mas eu confio nas cartas, acredito que elas existirão e persistirão. Acredito que elas terão toda força que nós não tivemos. Nós trocaremos cartas semanalmente. Falaremos do clima nas nossas cidades do momento; do que comemos de diferente, se foi bom ou ruim; das músicas e bandas novas que descobrimos, afinal sempre compartilhamos essa coisa de música não é? Sempre gostamos dos mesmos gostos. Parece estranho dizer assim, mas é a verdade... Nossos gostos sempre foram iguais, em tudo, ou quase tudo. Falaremos da chuva, uma das nossas paixões comuns, e eu te direi que aqui ela continua vindo de surpresa, às vezes fazendo "casamento de espanhol" com o sol. Já você pode dizer que nem sempre chove por aí ou lá, não se sabe, mas nunca vai chover como aqui, e dirá o quanto sente falta dessa inconstância do tempo.
 Você falará do seu eterno projeto da banda, que encontrou ou não um baterista, e eu como sempre, te darei os parabéns e o maior apoio; falaremos das nossas novas decisões, e perguntaremos a opinião do outro sobre cada uma delas, sempre foi importante pra nós; você não falará das mulheres, mas eu com certeza perguntarei tentando aparentar o mínimo de ciúme, mas você perceberá e lerá com risos a minha pergunta, pensando se diz que continua o mesmo "galanteador" de sempre, ou não. Eu falarei do meu possível namoro- que nunca será real, tenha certeza disso- mas sentirei necessidade de falar sobre isso, sonhando que tenha um reflexo em você, assim como as suas mulheres tem em mim.
Eu direi do meu livro publicado, da minha peça em cartaz, das minhas turmas de alunos e de como ando cansada do trabalho, mas feliz. E você? Ah, você demonstrará o orgulho que tem de ser meu "amigo" e de ter compartilhado desses sonhos comigo antes que eu os realizasse. Eu vou chorar ao ler isso, sei que vou. E ainda terei a ousadia de responder-lhe dizendo que continuo a mesma chorona por besteiras.
Vou imaginá-lo sorrindo a cada leitura, preocupando-se em olhar a caixa de correio toda segunda-feira pra aventurar-se nas minhas palavras mais uma vez. Vou imaginar também você às 23h00min, quando seu irmão já estiver dormido, sentado na escrivaninha com um abajur para me responder, e pensando em cada palavra, em cada detalhe, fazendo tudo pra não me magoar, sabendo do grande amor que ainda existirá em mim.
Nós falaremos das coisas que permanecem iguais. Do seu cabelo cortado, porque grande dava trabalho demais; das minhas mensagens de bom dia, que provavelmente terão se tornado emails; da sua chatice pra comer e como isso atrapalhou você no início; da minha mania de sempre desviar o olhar quando sentia que transparecia algo; do seu sotaque, que terá mudado infelizmente; dos meus óculos, que você sempre disse que me deixavam mais bonita, mas agora eu não usaria mais; da sua barba, que eu sempre gostei; do seu jeito único de dizer "eeee" e como isso me fazia rir; do ‘do-in’ que eu fazia na sua mão e você insistia em chamar de massagem, e no quanto você adorava isso; do seu ponto fraco, que continuará sendo o cabelo, e que provavelmente não terá mais ninguém com a mesma paciência que eu de passar horas acariciando; da minha mania de ouvir todo mundo e cuidar das pessoas, deixando meus problemas de lado.
Falaremos em todas as cartas, pelo menos duas linhas, sobre O Teatro Mágico, que nesse momento já estará dividido em várias bandas independentes, e você com certeza já tocara muito com o Galldino. Mas falaremos dos tempos em que ficávamos assistindo os DVDs e cantarolando inevitavelmente as músicas.
Repetirei muitas vezes também, como era bom ver você de repente pegar o violão e tirar alguma música, fosse de quem fosse, o importante era ver o quanto seus olhos brilhavam enquanto fazia isso, e como você se libertava naquele violão.
E eu te perguntarei do seu remédio, como sempre, agora sem mais ter a melhor amiga pra dizer se estás loiro de novo, mas algo dentro de mim me dirá se estás ou não, porque no fundo, eu te conheço.
Diremos de muitas coisas, como você pode ver, e faremos muita questão de terminar todas as cartas do mesmo jeito, tanto eu quanto você: “Se cuida, que Deus te proteja. Sinto muita saudade. E, eu amo você. Muito, e de verdade.”
Mas cada um sentirá de forma diferente, como sempre. Eu continuarei sabendo que você está feliz e seguindo a sua vida, enquanto eu existo no mundo, vivo, sorrio, me alegro, conquisto, encontro e desencontro pessoas, mas o sentimento continua sobrevivendo em mim, quando deito, quando paro sozinha em algum canto e tenho algum momento pra pensar em algo que não seja o trabalho ou a felicidade das pessoas.
Não sei se vai doer tanto quanto hoje, tanto quanto doeu enquanto você estava por perto. Eu sei que continuarei sem entender exatamente o que você sentiu ou sente por mim, eu sei que vou criar todas as imagens possíveis na minha mente de como você reagirá com cada palavra minha. Sim, eu não perderei a mania de fantasiar, de sonhar. Você ainda me chamará de Ismália, eu ainda te chamarei de Filho do Tempo, de Anjo mais Velho, nós ainda faremos nossas poesias e trocadilhos carinhosos um com o outro. Mas eu serei sempre a sua amiga, e você será sempre o meu grande amor.
Assim nós existimos. Pois assim como o verbo amar, o verbo existir também tem a mesma conjugação no pretérito e no presente em se tratando de “nós”, provando que somos ciclo, que nunca finda, somos contínuos, constantes e para sempre, até quando o sempre puder ser chamado assim.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Caio Fernando Abreu tenta me convencer diariamente que vamos nos encontrar. Seja onde for, quando for etc e tal...mas nos encontraremos. E o que mais tenho pensado é: será?. Até que ponto meu maior escritor, ídolo e inspirador, o homem que sabe me descrever como ninguém, está certo? Porque eu te vejo tão distante, embora seja parte dessa personalidade inconstante com a qual já me acostumei. Mas você não sabe como machuca. Como me torturam esses seus sumiços. Eu sei, não deveria esperar nada, nem que você se preocupe com a minha dor, nem que você mande mensagens todos os dias só pra saber como estou, nem que você sonhe comigo, nem que espere ansiosamente o dia que me verá. Mas eu espero. Confiro de minutos em minutos a tela do celular, e procuro em cada cantinho se encontro seu nome; torço com os dedos cruzados que de repente você tenha um estalo imaginando que não estou bem pra que finalmente eu sinta uma reação sua. Alguém me pergunta se vale a pena, e o que eu digo? Não sei. Em se tratando de você eu raramente sei de algo, raramente encontro certezas. Tão complicado e difícil de entender. Esse é você pra mim. Sempre uma surpresa, um projeto novo, uma decisão, uma alteridade que me confunde na maioria das vezes. Me perco nos seus sonhos, os quais torno meus também, porque eu preciso me convencer de que "tudo que é seu é meu".
Minhas fantasias andam pedindo socorro. Andam gritando dentro de mim um "CHEGA". Elas cansam, assim como meus pés e minha cabeça. Mas eu nao canso, invisto até a última gota no que projetei pra nós dois, mesmo que você se junte ao Caio Fernando Abreu pra me convencer de que nunca se realizará.
E então, cada dia, eu me seguro na ideia de que nos reencontraremos, já que perdidos sempre estivemos. Mas um dia, não se sabe qual, nem onde, nem como, eu te encontrarei, e quem sabe dessa vez seja amor, amor concretizado, sem mentiras, ilusões. Sem as minhas terríveis e cansativas fantasias.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

25 verdades sobre mim.

1. Sou chorona
2. Sou muito carinhosa
3. Meu sobrenome é insegurança
4. Só digo "eu te amo" quando isso é realmente verdade.
5. Amo a Lua.
6. Adoro pessoas que me fazem rir
7. Tenho medo de perder as pessoas
8. Não sou engraçada (embora tente e fracasse)
9. Adoro chuva.
10. Sou ciumenta
11. Me apaixono rápido
12. Adoro dizer o que sinto
13. Adoro dar presentes
14. Gosto de ser surpreendida
15. Não vivo sem: teatro, música, poesia, circo...arte em geral.
16. Sou muito crítica comigo mesma
17. Ajo por impulso, quase sempre
18. Sonho com uma festa surpresa
19. Sonho que alguém componha uma música pra mim
20. Sou inconstante
21. Sou indecisa
22. Faço o possível pra não sentir inveja
23. Gosto de ficar só, às vezes
24. Tenho asas imaginárias que me levam a lugares inimagináveis
25. Não tenho medo de amar, incondicionalmente.
E de repente, como que naquele súbito momento em que você fecha os olhos tentando se convencer que é só um pesadelo...tudo se perde. As palavras, a esperança contida naquele frasco de você mesma, as canções, os sorrisos. Perdem-se também os planos...as tardes deitados no sofá falando das inutilidades como os piores problemas que a humanidade deles possui, as manhãs em que um torna-se o café do outro, as noites em que as estrelas são recortadas para que a escuridão seja cenário daquela convenção que eles se recusam a chamar de amor... sim, todos os planos também se perdem. Mas a pior das perdas, a mais lamentosa, a que vai deixar aquele vazio por completo, aquele "sem-razão"...são os abraços. Como que parte essencial e única, como o gênese daqueles dias, os abraços eram a linha que mantia o equilibrio de tudo. Foi como se naqueles minutos em que os olhos permaneceram fechados, todos os abraços passaram como um filme, cada um revelando um momento, um dia, uma data específica, um discurso que apenas uma das mentes se lembraria mais tarde. Mas sim, tudo se perde... e uma história vai rolando pelo corpo dentro daquela gota de lágrima, daquele que poderia ser mais um pedaço do mar, mas tornou-se um pedaço de gente, um pedaço de amor.

sábado, 18 de junho de 2011

Big-Bang

Em que universo nossas estrelas se cruzaram? Qual das galáxias abençoou o que passamos a chamar de nosso? Não tenho a noção exata de tempo e espaço. Não sei se você realmente estava em todos os eclipses em que me lembro te ter, nem se você lembra de todas as luas que guardaram nossos segredos. És tão teu, e eu tão tua, e estás tão farto e preenchido dos brilhos das estrelas alheias, que não precisas de mais nada além de um céu vazio numa noite calma, para que deixes transparecer tudo que me encantou, todo teu horizonte estrelar, todas as fases da tua lua, todos os raios do teu sol obscuro. Explodimos um no outro num dia sem data, num espaço sem lugar, num céu sem testemunhas. Deixamos os resquícios espelhados pelos livros de história, que contam tudo sem citar nossos nomes. E dali em diante, nos perdemos.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Impessoal

Eu te encontro. No meio do meu emaranhado de vida, da minha teia diária, do meu universo impenetrável, da minha mente difusa e confusa. Eu te encontro. Por entre os meus papéis e as minhas lembranças, no intervalo entre os surtos criativos e os tédios mentais, nas minhas ideias, nos projetos, nos trabalhos da faculdade. Eu te encontro. No meu copo de água com gelo, na minha paranoia comum, nos textos que me servem de drogas viciantes e inspiradoras, nas vírgulas que sobram nas minhas frases, nos meus começos sem finais. Eu te encontro. Na lua que me vigia, na música que automaticamente canto ao acordar, na chuva que cintila o dia, em cada noite que não tenho tua companhia. E eu te procuro....no escuro do meu quarto, nas minhas pálpebras que piscam em busca de te enxergar, no meu ar, que nunca é completo onde você não está...e nos abraços. Ah, como eu te procuro nos abraços. Um por um, me pergunto se será o teu, se conseguirá me roubar um sorriso natural, se vai me tirar o fôlego, se alcançará o nível do melhor dos abraços, ou se ao menos...me fará não sentir tanta falta do teu. E assim eu vou seguindo, te procurando e te encontrando, com os meus amores dilacerando, as poesias dissipando. Tudo isso porque teimei em te amar!

terça-feira, 31 de maio de 2011

Da queda

Ela voava. Até que um dia, o vento de uma triste tempestade mal intencionada, cortou suas asas. E ela caiu sem graça no chão. Um lamento. Uma lágrima. Uma força fugitiva daquele coração despedaçado. Ela vivia agora no chão, presa àquele mundo de asfalto onde não cabiam suas aspirações de menina-ave.