terça-feira, 25 de outubro de 2011

Dia desses alguém me disse que meus olhos não brilham mais. Que ando por aí como se não houvesse mais razão de ser, sem vida, sem vontade. Mas eu haveria de ter razões?
Confesso, meus passos andam agressivos demais, meu corpo está mais pesado que de costume, meu esboço de sorriso diário saiu do lugar de sempre, e meu rastro não é o mesmo perfume adocicado da primavera passada. Tento me defender dizendo que o inverno chegou, e por consequência, eu esfriei com ele. Sou uma mulher do Tempo, você já devia saber. Não paro. E sigo essa rota, essa rotina, esse redemoinho de mudanças que me ocorrem sem que eu mesma perceba.
Congelei, talvez. Perdi a força pra andar feito gente, coisa que nunca fui realmente. Desaprendi a voar, me perdi no meio de todos os caminhos... Até que, enfim, meu rumo me procurou. Exatamente, eu não fui atrás dele, mas ele veio até mim, o rumo que eu pensei ter perdido, voltou-se e me puxou com força do concreto onde eu caíra. Me apoiou nos primeiros passos, e reergueu minhas asas. Infelizmente, meus olhos continuaram opacos, mortos em vida... Mas quem precisa de olhos que brilham, tendo asas como as que eu tenho?

2 comentários:

  1. Você continua ótima. Me identifiquei com este texto seu. Não tenho asas, mas tenho procurado ver com os olhos do coração, onde o brilho não aparece externamente, mas talvez irradie raios de compreensão e aceitação. Espero que minhas asas um dia cheguem ao tamanho das suas. Linda minha! Meu orgulho!

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  2. Procuro desesperadamente as minhas asas, e aqui achei seu rastro, algumas das minhas penas perdidas...
    Obrigada por me iluminar.

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