sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Sobre o tudo que deixamos passar...

Hoje não vou usar textos feitos, pensados, planejados. Não escrevi nada no meu caderninho, na verdade estou deixando-me levar pelo impulso dos meus sentimentos e do quanto o dia de hoje mexeu comigo.
Passei por uma experiência única; já fui muiitas vezes em hospitais, fiquei internada, fiz visitas...mas nada como a de hoje...nada como você ver a sua frente, uma vida sendo levada sem piedade, sem perguntar se aquela família realmente estava preparada pra sobreviver sem um ente, sem querer saber o quanto o sofrimento faria mal a todas aquelas pessoas. Foi simples assim...ele se foi. Rápido.
E, sei que não foi por acaso,quando cheguei em casa abri meus e-mails me peguei com lágrimas rolando desmedidas ao ler um trecho que dizia "A tristeza mais profunda,sem remédio, é passar pela vida sem amar. Mas é quase tão triste passar pela vida e deixar este mundo sem jamais ter dito às pessoas queridas o quanto você as amou". Fazia tempo que eu não pensava em quão importante é dizermos tudo que sentimos às pessoas que tanto consideramos, que tanto nos fazem bem...e hoje fiz isso, embora tenha me sentido um pouco culpada por só ter lembrado disso após ver uma cena triste a ponto de me dar medo!
Nunca saberemos quando e como perderemos as pessoas pelo nosso caminho,mas algo dentro de nós está avisando às vezes que essa hora irá chegar, mas tememos tanto perder aquilo que consideramos como "nosso" que nos negamos a acreditar nisso. No entanto, diante de situações reais e inesperadas como a que passei hoje, nos damos conta daquilo que já estava em nós há muito tempo, e sofremos por saber que...não controlamos ninguém, não controlamos a vida, não temos poder sobre o tempo. Deus nos deu, quando nascemos, a missão de cuidarmos de um ser humano- nós mesmos. Portanto a única solução que podemos tomar é nos mantermos sob controle, e lembrarmos sempre de dizer tudo o que nosso coração pede, sem medos, sem nos impor limites...pois para nossos sentimentos não há limites e nem devem ser impostos. O momento mais glorioso de uma pessoa é quando ela deixa seu coração falar antes que sua cabeça seja capaz de controlar, nesse instante vemos o auge da sinceridade de um ser humano.
Minha lição de hoje é essa, a partir de agora vou me irritar menos, "me importar menos, com problemas pequenos", vou morrer de amor...e principalmente, não vou mais deixar meu orgulho ou aquilo que chamam de "amor próprio" me impedir de dizer o quanto amo alguém sempre que me der vontade. Nada como ssaber que se é amado. Espero que quem ler isso possa se inspirar um pouco e tentar "amar mais" também.

"Amar. Porque nada melhor para a saúde do que um amor correspondido." (Vinícius de Moraes)
E não percamos mais tempo...

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

"Num passado remoto perdi meu controle"

Faço parte de uma juventude antiga, que hoje só se encontra em fotos ou reportagens de jornal. Faço parte de um tempo em que as crianças valorizavam os mais velhos, e em que mais velho era qualquer pessoa com 1 ano a mais que a gente.
Ainda fiz parte de um tempo em que se podia andar de patins e bicicleta no meio da rua aos domingos porque mal se via carros. E nesse tempo, quem tivesse se comportado durante o ano podia pedir um presente mais caro ao Papai Noel- uma Bárbie ou um carrinho de controle remoto. Ninguém com menos de 15 anos ganhava celular e computador era algo que a gente só mexia nas aulas de informática ou pra jogar paciência e campo minado.
Sou da última geração que curtiu realmente Tom e Jerry,Mickey, os gibis da Mônica, Castelo Rá-Tim-Bum, e que cantava Ilariê e Lua de Cristal nas festas de aniversário. Sou de uma geração que chorou quando morreram os Mamonas Assassinas e que não entendeu o porquê da depressão mundial com a queda das Torres Gêmeas. Nessa época, a gente achava que "guerra" era aquilo que passava no Dragon Ball Z e no Mortal Kombat, até mesmo no Power Rangers. E palavra difícil de pronunciar era "paralelepípedo" porque "estupro" ninguém sabia o que era então nem tentava falar.
E mais, levávamos bronca por falar "égua" porque era palavrão! Foi uma época cheia de sonhos, em que perguntavam nos seus 6 anos o que você iria ser quando crescesse e as respostas geralmente eram ligadas às atividades extra-colégio - bailarina, jogador de futebol, lutador de karatê... Vivemos um tempo em que nosso único compromisso era o de ser criança e ter uma infância feliz. E tivemos!
Mas aí nós fomos crescendo, e uma tal de tecnologia veio com todo o seu poder de persuasão e mudou a nossa vida, nossos costumes, nossos ideais. Transformou a nossa geração e levou embora toda ingenuidade e traquilidade remanescentes daquele tempo, arrancando das "novas crianças" a chance de curtirem o que nós curtimos.
Tornamo-nos indivíduos cheios de vícios, acomodados, satisfeitos com a inútil condição de ser jovem, gastando horas do dia em frente a uma tela de computador lendo e escrevendo sobre a vida dos outros. Perdemos o ímpeto da luta, da reivindicação tão propícia em nossa idade, esquecemos em qualquer canto a vontade de mudar nossa sociedade pra melhor.
Os "adultos" sempre disseram que os jovens são o futuro da nação. Eu me pergunto: que futuro teremos sendo os jovens que somos? Levaremos esta nação a algum lugar? Conseguiremos levantar da cadeira e dar um esc na nossa mania de só esperar que façam por nós?
Eu, sinceramente, espero que sim. Em mim ainda persistem a esperança e a coragem da infância, e a crença de que a qualquer momento todos vão olhar para si e perceber quanto tempo tem perdido com sua própria alienação. E talvez quando isso acontecer, a gente consiga trazer de volta um pouco daquela época para as crianças de hoje e mostrar que embora muita coisa tenha mudado e o excesso de informação tente nos provar o contrário, ainda somos capazes de resgatar a consciência crítica do lixo, e nos tornarmos verdadeiramente humanos.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

.

A maioria das pessoas tem a incansável mania de viver em busca da perfeição. Seja na aparência, na profissão, nos relacionamentos ou no jeito de ser...todas tem em comum um objetivo: passar longe de erros e defeitos acreditando que assim alcançarão a felicidade.
Dia desses, inconscientemente flagrei-me nesta condição- cobrando, ou melhor, exigindo de mim mesma que espantasse tudo que pudesse me levar a cometer falhas.
Diga-se de passagem, isto pode ser uma vantagem, basta saber medir e impor um limite certo a esse "desejo", afinal quando você perde o controle acaba se cobrando demais. E foi o que acabei fazendo.
Passei horas do dia em meu processo de autocrítica e autodestruição, culpando-me por cometer erros que todos cometem. Foi quando percebi que nós criamos tanta expectativa em atingir essa dita "perfeição", que ao menor dos tropeços, sentimos como se fôssemos atropelados por um caminhão de carga em alta velocidade.
É mais ou menos como as decepções amorosas da adolescência...sentimos o peso do que foi sonhado e planejado de repente desmoronar sobre nós após um tiro pelas costas ou um choque elétrico, é a chamada desilusão. Aí temos a impressão de ver a vida e nossos sonhos passarem em nossa frente rindo de nossa cara como quem diz "eu sempre soube que não daria certo" .
E tudo isso acontece por termos aprendido a perdoar os outros, mas não a nós mesmos.
No fim das contas, cheguei a conclusão de que, se eu ainda duvidava, errar me provou que sou normal e que muitas vezes esses erros nos fazem enxergar algo muito além do que nossos olhos alcançam- a nós mesmos. Como disse Shakespeare um dia "...aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vozes você tem de aprender a perdoar a si mesmo"
É exatamente isso, nossas falhas e defeitos nos tornam seres humanos e nos fazem crescer na medida em que somos capazes de enxergá-los e admití-los. E quem sabe alguma hora, a maioria das pessoas perceba que nem sempre perfeição significa não errar, mas sim ser simplesmente quem se é, com ou sem erros e defeitos. Essa sim, é a melhor forma de ser feliz.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Canetas, rabiscos e pessoas...

Todo apaixonado por canetas- e eu me incluo nessa lista -tem sempre a sua favorita, aquela venerada, que não se troca por nada. Cuidamos com apreço, não emprestamos a ninguém por medo de quebrar, guardamos no melhor lugar...Mas, chega um dia que essa caneta começa a falhar. De repente já não conseguimos escrever sequer uma linha completa. Bom, ainda há um jeito, você pode esquentar a ponta ou colocar um pingo d'água se ela for porosa(esses métodos que nossos pais ensinam quando somos pequenos e nunca levamos a sério), e então, sua caneta favorita volta a funcionar! Satisfeitos, ainda a aproveitamos por muito tempo, até que, como tudo na vida, um belo dia ela chega ao fim! Isso mesmo, ela acaba.
Triste,né? Porque vem aquela sensação de que nunca mais vai encontrar uma que se adeque às suas mãos tanto quanto aquela. Talvez porque ela fosse a última daquele modelo, ou porque era de uma super promoção de R$ 1,99 ou mesmo porque...era simplesmente "aquela". E parece até que se torna difícil se conformar com essa perda.
Contudo, essa é a vida, e nós vamos ter de lidar com uma nova caneta...E, só pra não perder o hábito, no começo implicamos com tudo. Parece que estamos reaprendendo a escrever- cometemos diversos erros, deixamos alguns rabiscos fora do lugar, a letra fica feia, as palavras saem incorretas...e o motivo? A caneta nova, claro!
Então, bate aquela maldita saudade da "falecida", aquela que nunca tinha nos feito errar(nunca mesmo?). Não, ela falhava algumas vezes, mas sempre tinha um jeito,e  agora, essa novata é a pior de todas. Ela só tem defeitos! Ou somos nós que não enxergávamos os probleminhas de nossa amada caneta?
Bem, o tempo passa, e te obriga a aceitar as coisas como são, e você acaba percebendo que as "outras" não são tão ruins, e quem sabe até comece de novo aquela ladainha com uma nova.
Mas é que agora, você sabe que ela terá seu momento de falhar, e você cuidará dela com prazer, e ela pode cair e quebrar, e você consertará, e sabe também que uma hora ela vai acabar, e que virão outras, melhores ou piores- não importa, você já não sofrerá tanto, pois já sabe como tudo acontece. Cada vez que perder uma caneta, você vai ter outra, e vai ver que cresceu nesse tempo todo.
Assim como as canetas, nós, seres humanos vivemos falhando, "quebrando"... e os amigos é que vivem nos "consertando". A nossa vida se torna uma história sem fim, com milhares de canetas que se passam. Canetas coloridas, diferentes, que vão deixando suas marcas. Essas são aquelas pessoas que ficam nas nossas fotos, nos nossos guardados e no nosso coração, provando que por vezes falharam e  não exitamos em perdoar.
Mas, chegou aquele momento em que a amizade também acabou, seja lá por qual motivo foi, e você sofreu, mas lembrou da sua caneta e resolveu voltar na loja de R$ 1,99. Adivinha o que você encontrou?... Mais canetas, uma mais linda que a outra, e também alguém, que assim como você, acabara de perder uma caneta.
Você descobre que esse poderia ser o começo de um fim,e se tornou um início. Um início de um começo, que talvez não tenha fim! Afinal, é ou não é uma questão de tempo?

sábado, 12 de fevereiro de 2011

(L

Eu ainda estou me acostumando a viver na sua ausência. Acordar sem a voz doce/rouca que me dizia "bom dia", sem seu abraço levemente apertado, daqueles em que temos a impressão de trocar todas as energias possíveis entre os corpos, sem seu sorriso nascendo aos poucos com o passar das horas, já que você nunca foi daqueles que distribuem bom humor logo cedo. Estou aprendendo todos os dias, como é a vida sem as suas piadas sem graça (que me faziam gargalhar) a cada 5 minutos, como é não ter sua mão sempre quente na qual eu me refugiava... Estou descobrindo "o que" ou "quem" sou eu sem você,e como isso pode parecer mais difícil do que eu jamais imaginei.
Não me culpe por isso, eu simplesmente me acostumei com seu jeito, suas manias, seus gestos,sua forma sempre tão simples e "criança" de me dizer as coisas, seu gosto por certas músicas, seu romantismo tímido e reservado a poucas pessoas...me adaptei ao seu mundo, aos seus desejos.
Mas o principal talvez seja o fato de que...eu perdi minha maior rota de fuga, meu porto-seguro, meu aconchego dos dias de dor... perdi mais que um amigo, um irmão, um pai, um parceiro de boas e más situações.
Opa, mas "perder" é algo um tanto intenso e perturbador pra mim, principalmente em se tratando de uma amizade como a que eu descobri ao seu lado...portanto, não perdemos nada, apenas diminuimos a frequência, o volume... mas a ressonância dos corpos e dos sentimentos permanece intacta, como se nenhum tipo de corte houvesse ocorrido.
E talvez nem tenha mesmo... no fundo, a distância pode não ser um corte, apenas um incentivador. Tudo depende do ponto de vista...e no meu caso,fico com a segunda opção.
Sei que tudo pode ou não mudar, e dependerá de nós, das nossas escolhas....eu escolhi por nós, do sempre para o sempre! E o resto...seja lá o que for!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Reticências

Uma tal de inspiração anda fugindo de mim. Eu paro no meio da tarde em busca de algum resquício que me faça encontrá-la. Sem pegadas, sem rastros...sem despedidas. Simplesmente me deixou desamparada em meio aos meus pensamentos infames. Talvez ela tenha se sentido tão sozinha quanto eu, talvez eu não percebesse enquanto ela sentia minha falta...Eu estava realmente com a cabeça muito cheia- saudades,tristezas, lembranças, tudo ocupando aquele espaço que antes era só dela.
É isso, está sendo difícil demais pra mim...me desvencilhar de uma vida, de uma história, de algo que me segurou todo tempo, das pessoas...
Como disse um dia meu tão amado Caio Fernando Abreu : "Eu acho que não sei fechar ciclos, colocar pontos finais. Comigo são sempre vírgulas, aspas, reticências." 
E agora, eu resolvi voltar à vida, mas a inspiração já me deixou...e agora? O que fazer? E se ela não quiser voltar? 
Quem sabe o jeito não é o de sempre...esvaziar a mente, e deixar a coisa fluir...as palavras me dominarem e espantarem as energias do passado. E que volte a inspiração!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Desatino

E aqui estou eu, mais uma vez, colecionando seus silêncios, que gritam dentro de mim num pedido de socorro, num clamor por liberdade. Eu corro. Esbarro na porta. Giro a maçaneta, encontro a fechadura. Desalento-perdi a chave. E tudo fica igual, começando e terminando num desatino: eu, sozinha, colecionando seus silêncios.