
Pretérito Imperfeito.
Por que pra mim nada acaba completamente. Ainda que pra ele sim. Ainda que o "perto" não faça mais parte. Ainda que o "bom" não seja mais tão concreto. Eu guardei-o numa caixinha com o nome dele. É que, como sempre, eu estraguei tudo. Eu e a minha boca grande. Esquecemos que falar dessas coisas - do quanto alguém pode ser bom pra gente, bom da gente querer perto, mesmo sem ser amor - pode meter medo nos outros. É claro que esse "outros", na verdade, é ele. Então, eu tive que guardar o frio na barriga, o sorriso bobo, a saudade e a vontade de rir acompanhada dentro de uma caixinha. Mas a vida, traíra como ela é, de vez em quando tira a tampa da caixinha sem querer, aí aquelas coisas todas voltam e eu já não sei ao certo o que fazer com elas.
Esquisito esse jeito das coisas serem, de uma hora pra outra um presente vira passado e a gente se perde pelo caminho. Eu ainda tento catar aquilo tudo que vai ficando pelos cantos, mas uma coisa não dá pra juntar e recuperar- aquele olhar doce, trocado nas manhãs que, embora cinzentas, ganhavam cores. O olhar, até hoje, ainda procuro... Vai ver ele esqueceu por aí. Vai ver que todo amor que eu sei que não era, ficou esquecido junto com ele.