sábado, 26 de março de 2011

E sobra tanta falta...

Ela andava correndo...com uma pressa tão incompreensível quanto seus pensamentos corriqueiros. Ia em busca de algo tão fora de si, que nem sabia exato o que seria. Pedia arrego, chorava em colos alheios, andava pelas calçadas com tal nostalgia de ser feliz que esquecia até do tempo,e quando percebia já estava instalado aquele tom desagradável do crepúsculo. Mas suas pernas,independente de comando, andavam sem pedir licença às outras pernas que se roçavam pela rua...atravessavam os carros,os postes, os sinais, as luzes,e seguiam como se não houvesse um corpo acima delas. As pernas choravam, e diziam com seus passos insólidos que precisavam de outras pernas para trocar experiências e carícias, para se sentirem seguras, para poderem afirmar que a solidão é um status em decadência. E o medo, a fuga, a falta de ter com quem compartilhar algumas incompreensões se manifestava em cada passo que ela dava, como se estivesse aprendendo a andar novamente. E embora cercada de pessoas, tanto as pernas quanto a mente se sentiam em meio ao vácuo, tão sós quanto a própria solidão que sentia...e que chamava de saudade.

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