sábado, 18 de fevereiro de 2012

Desacato


Hoje acordei pedindo pra ser poesia. Abri as janelas e numa baforada de vento às 10 da manhã, eu quis-porque-quis ser poesia. Vai me entender. E então pra todos os lados que eu olhava, suplicava. Pode parecer bobagem, mas queria ser doce e forte como as linhas de uma poesia. Queria poder rimar aqui e ali, e ser alvo de tantos sorrisos e olhares encantadores dos leitores. Queria dizer o sentimento com  habilidade. Queria aprender essa magia de ser delicada e fina sem perder o domínio da palavra.
Mas eu nasci prosa, em todos os sentidos possíveis. Prosa em gênero, número e grau. Prosa de ser e de escrever. E não tenho jeito. Não tomo jeito. Não sei rimar A com B, nem manter as coisas em seus níveis. Não sei nada da elegância e odeio seguir as regras do jogo. O que fazer comigo agora? Não vou ser só um pedaço de texto rabiscado no canto de uma folha de caderno qualquer. Não posso ser só isso... Alguém me finaliza, por favor? Porque eu já perdi a linha, já pulei o parágrafo, já não sei como me terminar, se é que isso é possível. Preciso de mais papel e caneta, pra não ficar restrita às mensagens de texto pela manhã, aos emails respondendo cobranças, aos pedaços de prosa jogados por aí. Eu quero ser mais, e preciso que alguém me escreva. Ninguém disponível? Eu já imaginava...
Então ficamos assim, deixa que eu me escrevo mesmo. Mas depois não reclamem, das linhas tortas, da deselegância, do vocabulário que esqueceu de ser politicamente correto. Nada aqui é correto, às vezes nem a ortografia... Portanto, me deixem quieta me reescrevendo. Isso mesmo,  vou ter de começar de novo, reaprender a ser prosa, porque na tentativa de ser poesia, eu perdi o foco ainda mais.

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