segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

LL

Elas são muitas. Várias. Diversas. 
Naquele meio dá pra encontrar de tudo. Loiras, morenas, uma ruiva ali pelo meio. Maduras quase sempre, infantis por circunstância. Divertidas por natureza, melancólicas pois são humanas. Nostálgicas since sempre. Artistas por opção, escritoras por uma fuga, filósofas por excelência. Sonhadoras porque se deve ser, coloridas pra dar mais graça, talentosas- óbvio. Dramáticas, lindas, românticas, frágeis, crueis (quando necessário), conquistadoras, misteriosas, feridas, exageradas, poderosas, doces, heteros, homos, iguais, distintas... Mulheres! Isso mesmo. 
Se me contassem, eu acharia que era filme, série ou qualquer coisa do tipo. Mas eu estou lá, dia sim- dia não. Passeio por São Paulo, Rio, Aracaju, etc... sem sair da cadeira. E melhor ainda, visito histórias de amor, dor, passado, presente, sonhos... que dariam livros incríveis. Mas são reais. Eu visito vidas. E aos poucos descobri que mais legal do que ler textos, poesias, letras de música... É ler pessoas e o que todas essas coisas geram nelas. Porque no fundo, nenhuma palavra- escrita ou cantada- teria importância se não causasse um mínimo furor, bem, bem dentro da gente.
Só que o mundo, o dia a dia, a Av. Paulista, O ver-o-peso... e tudo o mais, estão sempre com os holofotes ligados pra enxergar bem todas nós. "Que roupa ela ta usando?", "ela esqueceu a maquiagem?", "aquilo é chapinha ou é natural?"... E assim, como diz o Caio Fernando Abreu:  "tão estranho carregar uma vida inteira no corpo e ninguém suspeitar dos traumas, das quedas, dos medos, dos choros...". Porque os holofotes de todos os lugares do Brasil não usam laser. E mesmo que usassem, não entenderiam toda a confusão que existe dentro de nós. Pra isso é preciso tempo, desejo, paciência e uma boa dose de afeto.
Daí você acorda um dia e descobre que caiu sem paraquedas naquele mundo, e aos poucos vai se costurando nos retalhos de cada uma, montando uma só colcha, onde a linha são as palavras e a agulha é o coração. Não importa se é pra choramingar amor perdido, amor conquistado, vestibular, escolha profissional, problemas em família ou problemas puramente femininos. Não importa se somos mulheres que amam homens, ou mulheres que amam mulheres... Para rir ou chorar, é só começar. Ou será que eu errei o ditado?
O importante é que, juntas, descobrimos a beleza e o valor das pequenas coisas. A lembrança, a preocupação, o cuidado, o carinho... o abraço virtual ( que pode não dar a mesma sensação que o verdadeiro, mas dá um alívio danado quando bate a solidão).
E, descobrimos que as diferenças só nos tornam mais unidas, e isso me lembra que li em algum lugar que "um quebra-cabeças não se completa com peças iguais". Cada perfil, cada história, cada palavra proferida por uma de nós, possui uma energia e uma personalidade diferente, que fortalece diariamente aquela história de "uma por todas e todas por uma" - não somos mosqueteiras, mas como exímias guerreiras, nosso grito de guerra deve ser bem por aí...
Sabe o que é mais doce nisso tudo? Não importa se a situação é alegre ou triste, sempre estamos ali, e a qualquer hora do dia ou da noite, uma ou outra cede o colo ou os aplausos para o que quer que seja. Quando tudo parece em desordem, a gente prova que ordenar a vida não tem graça. Quando na incompletude estamos cheias de vazio, descobrimos que é no vazio que a gente se completa. "Há sempre um por-do-sol para ser visto" e há sempre uma imperfeição pra nos tornar mais únicas e mais adoráveis. Porque o mundo se torna todo mais fácil e palpável sabendo que naquilo que foi lido, tudo que é feio pode (e deve) ser lindo.


"Porque é tão mais fácil aturar a vida sabendo que tem você. Agora sem você, meu amigo, a coisa fica feia- realmente feia" (C.F.A.)

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